Voltas em torno da Lua

sexta-feira, 2 de maio de 2008

turning into my conscience

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Andei por lá, quando estive doente de você. Quando você rejeitou o meu orvalho. Quando um corpo se perdeu. Aí, voltei a dar voltas.

A menina anotava no caderno, quando, de repente, chegou seu irmão.
Como um grande olho galináceo que tudo pode e tudo vê, ele se aproximou e pediu para ver as anotações.
“Não podes. É meu. E só meu.”
Ele chegou mais perto da cama dela e resolveu sentar-se para observar a situação com um pouco mais de calma.
“Sinto que há algo estranho nessa estória. O que você anda fazendo escondido é permitido ou proibido?”
Ela entreolhou-se.
“Responda!”, ele esbravejou.
“Permitido ou proibido? Por que se for proibido você terá um severo castigo como forma de compensar seu deslize. E se for permitido, também. Por ter voado fora da órbita sozinha.”
Ela não entendia muito bem aqueles poréns, mas resolveu arriscar:
“Era permitido! Eu visitei a Terra, dia desses.”
Ele não se conteve e começou a gritar nomes estranhos, como se uma onça sorrisse furiosamente naquele lugar. Ela não podia ter feito isso. Não, não ela. Ela era fraca demais. Se arriscou.
Ele explica a ela: “Escute, e guarde para si. Sair daqui, do normal, é perigoso. Os humanos são seres imperdoáveis. Des-humanos. Nunca te aceitariam de coração aberto. Aliás, quando estive por lá, me encantei pelo local, pelas pessoas. Mas, a primeira tentativa de aproximação foi repreensível. Doeu. Nunca terás o direito de escolher. Eles sempre escolhem te fazer sofrer.”
Ela arrisca, mais uma vez: “Mas se eu quiser ser feliz com eles?”
Ele diz: “Entendo que tens a força de crer ainda. E eu desejo muito mais que isso. Mas, humanos são perigosos. A eles não é facultável o viver. Eles residem corpos. Com eles, você não é sua consciência, e, sim as outras. Se quiser ser feliz ao menos um minuto e não sofrer com os outros, dê voltas em torno da Lua.”

6 comentários:

Fabio Lisboa disse...

"A vida? Um amontoado de prazeres e sofrimentos inúteis"

...... Pai de Zelig - Woody Allen

Mas prefiro isso aqui, nada de ficar vagando em volta da Lua....

há braços e sorte

Anônimo disse...

Digo says: "turning into my conscience"

You... always so misterious with the words... but you know what? That is what attracts attention. Never stop writing, keep doing it!

Have a good nigth! Take care.

God Bless You!
kisses, Thay

Anônimo disse...

PS - como disse fábio acima... prefiro isso aqui, nada de ficar vagando! rs

Anônimo disse...

O delírio é a forma mais atraente de realidade. A realidade que nos é apresentada só será realmente real se eu delirar e confirmar sua existência.

Sou o selenita que já veio à Terra e sempre ri do universo que os terraqueos criaram pra se viver.

wonderful travels around of imagination that they imaginated to us
Congratulations
Abraços, Marcos Vilela

Tato Messias disse...

Digo, que legal o texto aqui
virei mais vezes te ler
abraço fiote

Ferro. disse...

"A eles não é facultável o viver. Eles residem corpos. Com eles, você não é sua consciência, e, sim as outras."

Em sociologia estudei alguns conceitos de Durkheim que falava sobre a 'Sociedade Simples', a consciência coletiva é maior que a individual... mesmo estando em uma 'Sociedade Complexa' acredito que desde que nascemos foi-nos dado um papel... e, assim como o crime, renegá-lo fere com a consciência coletiva... bem... prefiro tentar romper com ela o tempo todo... e continuar acreditando que é possível... reivintar novos papéis... para quem nasce ou é nascido.

comentário bobinho... e sem nexo, talvez... mas alguma coisa no seu texto fez me lembrar disso...