Depois de mil e uma noites, este modesto volta a sentar na sua poltrona. Obrigado àqueles que vieram e eu não estava em casa. Sejam novamente bem-vindos..
Pardon moi.
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Mandei comprar sapatos novos. Pedi que trouxesse numa embalagem de laços fortes. Que fossem amarelos. Para mim, que sou cliente especial, eles viriam de longe. Como eu os daria a ela, feitos sob encomenda.
Depois da briga, era preciso fazê-la suspirar. Era preciso fazê-la refletir. Ficamos muito tempo longes. Eu aqui e ela lá. Eu tentando dizer e ela nem se importando com isso.
Rodei ruas e avenidas procurando o melhor motivo para apagar meus defeitos. Não é tão fácil assim esconder esse meu jeito, essa polêmica humanizada na qual me tornei com o passar dos tempos. O garoto de quinze anos já foi consumido pela responsabilidade desse “trinteoitão”. E o trabalho? E o compromisso com o pessoal da fábrica? E as respostas? Agora, a cabeça se volta para as contas, para os remédios controlados, para os efeitos dessa adrenalina chamada minha vida.
O que custava ter me dito que meu excesso de vergonha havia estragado tudo? E o que adianta esse excesso de perguntas se ela ainda não me ouve?
Ainda assim, continuei tentando. Como um sultão que encomenda um Taj Mahal a fim de retornar o desejo rumo a um mausoléu romântico de paixões eternas. Dessa vez, queria que o trabalho de restauro compensasse as infinitas odes solitárias que cantei nos dias frios. Dessa vez, eu queria a ela, a vida de princesa.
Mas não, ela dizia, o que se perde não se acha. E achando-o, se revê os estalos. No caso do nosso desabamento, uma nova encomenda.
Os sapatos chegaram. E eram divinos. Muito mais deslumbrantes que todo o mármore preto usado no edifício dos primeiros anos. Corri o pensamento para o dia oito. Cheguei e me apresentei. Renascido, contemplável.
Ela me olhou, pegou a encomenda e disse não.
Desesperado, saí à rua e, esperando pela última ação, eu a vi se preparando para atirar os sapatos em mim, como da última vez.
A reconquista
terça-feira, 29 de julho de 2008
Postado por Mota às 15:06
Marcadores: amores, imperfeitos
6 comentários:
Acredito que o que ela queria não era sapatos. Não era o Taj mahal, nem nenhum castelo. Não duvido que o que ela queira é maior que a muralha da China e mais forte do que qualquer máquina, mais valioso do que qualquer dinheiro... E não é comprado em nenhuma loja.. Não se empresta, não se ensina... Ele aparece... será que ele tem o que ela queria?
obrigado pela visita ao blog e te espero mais vezes por lá!!
abços!
"Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas... Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo."
Ela não queria os sapatos? problema dela. Vamos adiante!
há braços.
ps: saudade de tu.
ps2: chego dia 15 a noite.
Esse texto me fez lembra de um trecho de um texto do Fabricio Carpinejar que li uma vez: "Os casais não necessitam se bajular, mentir, simular quando não se tem vontade. Mas é masoquismo não deixar que o desejo se torne memória, reprovar de modo permanente quem amamos, rebaixar quem depende de uma delicadeza. Ninguém ajudará sua companhia falando a verdade, mas sendo a verdade."
Intimidade é gentileza.
Talvez era o que estava faltando para ela aceitar os sapatos amarelos, o castelo, sei lá!!!
Um grande beijo meu amor!
Muito bom, essa sua amada é muito nervosa, atirando sapatos amarelos
heusheuisah
xD
pelo menos os sapatos eram epeciais!
Talvez, apenas talvez, ela tenha imaginado o tanto de trabalho e dedicação que o apaixonado entregava a ela no símbolo dos sapatos. Amarelos... E por que sapatos? Talvez ela não tivesse entendido o gesto de desprendimento, imaginando que tudo não passasse de um mero jogo de conquista. Quem vai saber? Restaram apenas os sapatos lançados ao vento, por quê?
Um texto bacana de ser lido, fluído e despretensioso. E isso não é a opinião do teórico! – eheheh. É o mundo que você não imaginou criar, mas os leitores sempre criam!
Abraços
Marcos
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