Para aqueles que sentaram aqui e esperaram eu contar mais uma história antes de dormir.
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Venho pensando nesses últimos dias que, à medida que o tempo passa, o mundo vem tendo mais a nossa cara. Tá tudo tão bonitinho, tão engraçadinho, tão arrumadinho, do jeito da gente. As ruas, as praças, as cores, a vida. Tá tudo bem legal. Encontramos por aí prédios, árvores, cidades organizadas como se fossem grandes famílias, cada uma com o seu lugar e o seu papel definidos. E tudo, pra nós, é bem “familiar”.
Mas não vejo que isso revele-se tão emocionante assim. Por que há coisas curiosas nessa nova arrumação. O caminho pelo qual caminha a humanidade parece ser bem distante dos primeiros passos humanóides. E não por que temos a maravilha tecnoeterna. Mas porque a ordem agora é outra. Somos, de fato, antropocêntricos e essa nova arrumação é coordenada por nós. Pergunto: por que os passarinhos não cantam tão alto quanto antigamente e a harmonia deles é cada dia mais desarmônica? Todos eles têm andado tão subtonados, como se tivessem perdido os ensaios das orquestras do desenvolvimento e a vaga de solista fora entregue às grandes máquinas barulhentas que cantam em lá – ré – dó. (Lá do outro lado, ré-sta um barulho mais dó-loroso que o outro).
Nessa pressa de fazer com que tudo tenha a nossa cara, o nosso jeito, jogamos fora a lei natural das coisas. Solicitamos às nossas autoridades os indicadores “socio-arvorômicos” das nossas florestas. Queremos saber quantas elas são, quanto medem, o que produzem... já se fala até em “expectativa de vida para essa população”. Rá...parece até piada essa idéia de que nós somos os cuidadores da Natureza.
Que não tenham sabor panfletário, mas essas idéias não partem de aqui. Apesar de poucas, são pontuais as idéias daqueles que se recusam a fazer parte dessa casa de aço a morar numa oca joão-de-barriana. A vontade que eu tenho é de que a cada dia diminuam nossos desejos e aumente a naturalidade das coisas (que anda tão bissexta ultimamente). Que os rios voltem a adentrar as cidades, que o mato verde cresça por entre as calçadas. E que percamos a vontade de fazer desse mundo a nossa casa. Ele não é nosso, senão dos que se integram às suas origens.
Mas não vejo que isso revele-se tão emocionante assim. Por que há coisas curiosas nessa nova arrumação. O caminho pelo qual caminha a humanidade parece ser bem distante dos primeiros passos humanóides. E não por que temos a maravilha tecnoeterna. Mas porque a ordem agora é outra. Somos, de fato, antropocêntricos e essa nova arrumação é coordenada por nós. Pergunto: por que os passarinhos não cantam tão alto quanto antigamente e a harmonia deles é cada dia mais desarmônica? Todos eles têm andado tão subtonados, como se tivessem perdido os ensaios das orquestras do desenvolvimento e a vaga de solista fora entregue às grandes máquinas barulhentas que cantam em lá – ré – dó. (Lá do outro lado, ré-sta um barulho mais dó-loroso que o outro).
Nessa pressa de fazer com que tudo tenha a nossa cara, o nosso jeito, jogamos fora a lei natural das coisas. Solicitamos às nossas autoridades os indicadores “socio-arvorômicos” das nossas florestas. Queremos saber quantas elas são, quanto medem, o que produzem... já se fala até em “expectativa de vida para essa população”. Rá...parece até piada essa idéia de que nós somos os cuidadores da Natureza.
Que não tenham sabor panfletário, mas essas idéias não partem de aqui. Apesar de poucas, são pontuais as idéias daqueles que se recusam a fazer parte dessa casa de aço a morar numa oca joão-de-barriana. A vontade que eu tenho é de que a cada dia diminuam nossos desejos e aumente a naturalidade das coisas (que anda tão bissexta ultimamente). Que os rios voltem a adentrar as cidades, que o mato verde cresça por entre as calçadas. E que percamos a vontade de fazer desse mundo a nossa casa. Ele não é nosso, senão dos que se integram às suas origens.
Eu não quero que o sol deixe de brilhar mais forte porque eu estou de óculos escuros. Não quero que as gotas de água caiam fracas porque eu uso guarda-chuvas. Quero mesmo o sempre certo gosto das coisas.