O filho de Obama

terça-feira, 11 de novembro de 2008


Para os obametes de todo o mundo.
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É. O novo presidente dos EUA tem um filho! E esse filho sou eu. Latinoamericanamente falando, eu sou o melhor membro da família Obama.
E sabe por que papai escolheu ter um filho aqui?

Depois de escolher o Quênia como lugar para nascer seu pai, os Estados Unidos para sua mãe, a Indonésia para ver as cores da infância e o Havaí para fazer nascer as idéias da puberdade, my big daddy viu que era bom que fosse aqui o melhor lugar para seu filho nascer.

É isso mesmo! Obama sabia de tudo. Sabia o que era bom e o que era ruim. Ter um filho latino-americano significa estar num lugar estratégico onde o presidente norte-americano deve estar.

O passado no Quênia lhe garante humildade, os Estados Unidos garantem-lhe legalidade, ter nascido no Havaí significa vir de um lugar altamente multicultural, com raízes ancestrais polinésias misturadas a uma essência européia bastante particular. E foi essa campanha das diferenças que papai utilizou durante toda a campanha: de que, como um novo tipo de liderança, ele era de todo o lugar.

Parece que vou querendo convencê-los de que minha tese tem valor. Não se iludam. Não é agora que a nossa família vai realmente mostrar a que veio.

Papai me deixou esperar por esse momento muitos anos. E todo ano ele dizia a mesma coisa: Calma, meu filho! O tempo certo vai chegar. O tempo onde todas as diferenças serão o grande charme da história. O mundo cansou da igualdade. Eu preciso de você aí, onde você está.
Eu não entendia direito o porquê de eu não viver com eles na América e ter que esperar pelo “novo dia”. Mas papai me deu a resposta por telefone assim que derrotou aquele Velho Sem Graça.

(...)

Como agora eu sou um menino do Estado, minha vida tem segredos de Estado. Mas, talvez pensemos que ter vovó na África não é muita diferença nos planos de papai, que nossos tios no Havaí tampouco têm muito a oferecer; no entanto, eu, aqui, posso ajudar papai a tornar a vida dele mais fresca e o quintal deles mais verde.

Ausência e Presença

sábado, 1 de novembro de 2008


Venho agradecido dos comentários amigos que recebo. E querendo que estejam sempre, venho com mais essa. (vocês entenderão!)

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Acho formidável quando, dependendo dos contextos, essas duas palavras modificam as relações humanas. Não querendo aqui ser o poeta do encontro das palavras, mas, pergunto-lhes por que, agora, pensarmos em ausência e presença?
Primeiro respondo que essa reflexão trará para perto de nós maneiras de lidarmos melhor com o buraco do nosso meio: essa vida.

Ao olhar a natureza das cores, das sombras e dos sabores, é possível entender como um pouco de ausência e de presença fazem toda a diferença. Imaginemos se num belo dia de sol tivéssemos menos horas para desfrutá-lo? Com certeza a ausência dessas horas traria pouco sentido à presença de tanto sol, não é? Ou se no momento em que ele se põe pudéssemos estar presentes para apreciar tamanho espetáculo? São poucos os que, nessas horas, assinam tal lista de presença.
Fico ainda a pensar como faz sentido que a presença dos sorrisos, abraços, suspiros é o sinal de que as dores não se fazem presentes. Nesses casos, é preciso enxergar sob a ótica da ausência o valor que a presença das coisas tem. Ou se puder, fazer o contrário. Como se na hora em que nos despedimos do melhor amigo quando ele vai embora de nossa cidade, uma ausência iminente fizesse com que o tempo passasse lentamente e tivéssemos mais tempo para desfrutar a presença dele. Na fuga da presença, a ausência assume um lugar poderoso dentro da gente e se converte em saudade. E, ziguezagueando, verifico que, apesar do desejo da presença ser maior, a ausência é imperiosa. Justifica-se porque somente a falta machuca, constrange, adverte. Ela se espalha no momento em que ficamos sozinhos e apertam-se as dores, negando-se a mesma ausência. Coitados daqueles que se “divertem” na escassez dos seus dias. Ou talvez aqueles que, no afã de sufocar as ausências, abarrotam-se de coisas a fazer e deixam o stress estar presente.

Confesso que isso, esse jogo, não tem fim. No entanto, sugiro que olhar a vida por qualquer desses ângulos exige cuidado. Se é sorrir para não chorar, ou sofrer para não amar, ou mentir para não contar, tudo isso é deveras perigoso. Se num momento estamos e, num outro, o vento nos leva pra longe, importa que sejamos. O importante de hoje é que tenhamos cuidado ao perceber que a presença de algo já não é o que era, ou seja, o novo sentimento é uma ausência presente.