A mesma coisa

sábado, 6 de dezembro de 2008

Se a idéia lhes parece absurda, dêem respeito. A cada um é permitido o direito de pensar. E mais que isso. De pensar pensando. Já "pensavam" os filósofos gregos quando em dias de sol ou de chuva se punham a pensar, a pensar e a pensar...estabelecendo inúmeros tratados sobre a verdade das coisas. A forma como foram constituídos não parece se encaixar na maneira como organizamos o pensamento dos nossos dias.

Longe de ser uma descrição sobre o que é o pensamento e o respeito ao pensamento alheio, reflito vagamente sobre como deixar escapar pensamentos individuais em tempos modernos de reflexão coletiva. Mesmo porque hoje é "normal" todo mundo pensar a mesma coisa. Sobre os fatos. Sobre a vida. Pergunto-me se parece esse caminho ser o mais fácil?

Na escola, nos estádios, em frente à televisão, pensamos todos a mesma coisa. Sobre a menina que repousou perigosamente sobre a grama depois de ser lançada da janela do sexto andar pensamos todos a mesma coisa. Sobre o balançar das "palafitas" financeiras ao redor do planeta pensamos a mesma coisa. Sobre o problema das águas que caem desesperadamente em lugares que estão longe de serem os rios e os mares pensamos a mesma coisa.

Quero mesmo o direito de pensar diferente!

E agora entra outra parte da questão: como vivem aqueles que se atrevem a fugir da regra correm o risco de serem implodidos antes que o dia acabe (Tenho medo de entrar nessa lista também). Porque às vezes me assusta a maneira como as pessoas têm de desafiar o pensamento dos outros quando este não é o mesmo que o seu. Ai daqueles que não se compadecerem com as vítimas das águas, ou ai daqueles que continuarem comprando em tempos de notas de consumidores de um dólar à mão. Ai daqueles que não se aquietarem em seus sofás e esperarem o dia clarear pelo próprio movimento dos raios do sol.

Defendo que a ordem natural existe, mas mesmo ela, a Natureza, precisa de co-operadores. Alguém precisa abrir a janela da sala se quiser ver o sol mais de perto. Alguém precisa fazer o suco se quiser saber por que a manga é tão doce quando madura.

Não sejamos terroristas anti-racionais. Deixemos livre o exercício do pensar. Esses terroristas armam estrategicamente planos em lugares secretos e, no momento em que fingem-se não existirem, saem explodindo os castelos de cartas daqueles que estão desacostumados a pensar.

Confesso que pensar é uma coisa difícil. Porque primeiro é preciso ouvir; a si próprio e aos outros. E é nessa hora que o nosso pensamento escapa como programação de TV que vai aos comerciais e volta já-já.

Quer ver uma coisa? Você ficou aqui acompanhando esse raciocínio que é só meu e eu o limitei a pensar como eu, nessas linhas, enquanto você me ouvia. Nem sempre é tão fácil fugir à regra. Alguém pensa diferente?