Historinhas japonesas ou o japonês convertido

terça-feira, 22 de abril de 2008

Obrigado pelo carinho sempre. Arigatou gozaimasu
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Elas nunca começam com saudade. Porque no Japão não há saudade. Há pensamentos de ontem. Porque as coisas são de ontem. E, para que isso faça sentido em qualquer lugar, acha-se o Japão um lugar incomum. Onde além da saudade, não há o acaso. Há o poente, o circunstancial, o ocaso. Há o Sol que teima em se pôr vinte e quatro horas após o seu.
E é esse Sol que braseia as historinhas bem japonesas, regadas ao molho shoyo com personagens tipicamente saquês habituais.
(...)
Em certa vez, há uma menino que se deita na sua minúscula cama. E na cabeça desse menino há coisas que se importam com os outros. Um garoto que decide expandir-se além dos limites da ilha Japão.
Não pensa só no pai ou só na mãe. Pensa no outro. Pensa naquele. Deixa de pensar consigo.
Vira-se e estuda um plano. Vai, noutro momento, virar terremoto e sacudir o mundo, chamando a atenção do real. Vai também contar sobre os seus segredos e as suas respostas sobre os caminhos difíceis que as pessoas escolhem seguir. Vai dizer-lhes que não é bem assim.
(...)
Um dia, acorda cedo e se localiza em Nagoya. Porque Nagoya é o centro. Infiltra-se por subcamadas. Quer ir mais fundo, para o efeito ser maior. O mesmo anseia ardentemente chacoalhar a terra firme e dizer-lhes que infertilizaram seu solo. E, que ele quer volta. Quer o retorno da cerejeira. E não, monumentos de cimento que só relembram histórias.
É chegado o grande dia e o menino vai enfim virar-se terremoto.
Se prepara e aciona-se.
Mas há algo errado. Pois que nada acontece. O menino-terremoto não atinge seu alvo.
Ele re-olha seu planejamento e o percebe em ordem. Mas, não sensibilizou.
Mais uma olhada e o menino vê os prédios japoneses em pé. E, ao lado deles há placas onde se lêem: “construções com esquema anti-terremotos”.
Pronto. Segredo revelado. A urbe japonesa se preparara para terremotos e outros abalos sísmicos.
O menino entristece-se. Seu plano por terra abaixo.
Ele pára e pensa.
Vai mudar de plano.
E na volta pra casa apanha no caminho um livro sagrado e decide ser homem-bomba.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Digo, gostei da historinha, mas prefiro o japonês convertido. é, e quero ler esse livro tb, já te disse, mas enfim. até amanhã.

. disse...

"a saudade dói como um barco que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais" [chico buarque de hollanda]

os japoneses sabem atracar seus barcos.

urbanético e lindo.

parabéns.

cleiltonsilva