Pessoas são caixas de sapatos

domingo, 27 de abril de 2008

Aos meus amigos, minhas caixas prediletas
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Rosas, azuis, amarelas ou cor de chão. Pessoas são caixas de sapatos. Podem estar leves como o quê, ou cheias de amargura, inveja e decepções. Alguém as escolhe para ocupar o canto superior do guarda-roupa, no íntimo de fazer-lhes escondidas. Há aqueles que elegem outros para um lugar especial e os guarda das aflições. Há caixas que são escolhidas para não serem escolhidas. Jogadas ao canto, se enchem de traças e baratas que estragam seus sonhos, seus objetivos. Encolhem sua vida.
Razões mil outros têm na hora de fazer de uma caixa de sapato um objeto de decoração. Há aqueles que fazem dos outros belas obras de arte, um artigo de luxo no estilo decòupage. Sabem identificar suas potencialidades, os seus melhores atributos.
Mas quanto às caixas e à sua razão... Muitas delas se mantêm fechadas livres da insensatez. Se preservam de tudo e de todos. Até dos sapatos. Se lacram. Ou então, sabem ocupá-los devidamente. Para cada caixa, sapato. O sapato é o tiro de dor que o mundo oferece todo dia. A sola suja de terra, o pisão com o bico, uma chinelada nas costas. Há muito do que se guardar. As caixas espertas sabem muito bem.
Há aquelas que, mesmo não podendo, carregam consigo fardos de outros. O fim é a derrota. Para cada caixa, um par de sapatos. Já é o suficiente. Nada de querer guardar o mundo.
Há caixas que têm coloridos especiais, efeitos, formas de dobradura diferentes, mas o seu interior é comum. É igual aos das caixas-sem-sentido. É tudo papelão! Só para constar: o que importa mesmo é o espaço que há por dentro. Dentro de cada caixa. A forma como se encaixa um sapato dentro de uma caixa é um segredo. É uma busca por uma acomodação de um sentimento que precisa estar livre das intempéries externas. É dado um valor ao objeto guardado, o de um amor. (Que destino terá as caixas que não podem cantar um amor próprio?) O conteúdo acaba se tornando mais importante do que a embalagem. E nas pessoas, vai de igual forma. O segredo, então, não está no visual de fora, está na forma como se lida com as coisas de dentro.

4 comentários:

Rodrigo Seixas disse...

nossa...minha vida se encaixa em vários tipos de caixa...Oo??
perfeito...

. disse...

pessoas, caixas e sapatos e sapatos.

percebo que sou o misto desta caixa vazia e do sapato que se amalgama, e sua lancinante narrativa é o sapato. repentinamente sapato na minha cabeça, no meu corpo. qual corpo! as caixas não o possuem. são apenas caixas e a sua natureza é a de ser caixa: papelão por fora e por dentro. algumas guardam passarinhos e abafam seus cantos. as caixas têm poucos cantos: caixa-quadrada.

vou sempre sempre receber os teus coloridos sapatos.

queira sempre.

cleiltonsilva.

Anônimo disse...

"O segredo, então, não está no visual de fora, está na forma como se lida com as coisas de dentro."

Vivendo e aprendendo sempre a lidar com as coisas de dentro! E tenho certeza que voce sabe como faze-lo!
=)

Unknown disse...

Rodrigo querido! O que dizer de seus textos,o que dizer de vc??? Como descrevê-lo, se como diz meu amigo Jê: "descrever é limitar"... e essa frase se encaixa sim, a você, aos seus textos, pois, não posso me limitar e dizer q são perfeitos, ou são maravilhosos,lindos...pois, quem conhece o Rodrigo Mota pode perceber que ele vai alem dos belos textos,do estudante que luta pelos seus direitos, do escritor.Rodrigo Mota é um "garoto" grande, "THE LITTLE PRINCE", e que merece toda minha admiração, não só pelos textos, mas pela pessoa sensivel, inteligente que és...E continue sendo sempre assim: tão você, tão"Rodrigo Mota"!!!
E que Deus te dê muita inspiração para q vc possa continuar escrevendo textos tão belos.
Saude e sucesso sempre!
Milhoes de bjokassssssss!!!