Certo dia, Sebastião repousava quando se deu conta de uma terrível e inquietante idéia. Ele não era feliz. Não que ser feliz fosse mérito pra Sebastião, mas Sebastião não era feliz por um motivo nada óbvio.
Ninguém em sua família havia sido feliz até aquela data.
E Sebastião odiava saber disso.
Sebastião percebeu que havia em sua vida vários começos. Porque a humanidade não começa uma vez.
E não foi feliz até aquela hora.
“A razão?”, pensavam todos, “não foi escrita pelas mãos dos cardeais”.
Sebastião buscou na escola a resposta, mesmo tendo grandes respeitos ao mistério. Ele trazia consigo o problema da humanidade.
Ainda era cedo para ficar acertando tais coisas.
Em fotos antigas Sebastião percebeu que o sorriso, a expressão de fúria, a melancolia no olhar, tudo isso acontecia exatamente igual em seu pai anos antes.
Era mais do que genética. Porque não conseguia resolver questões que já estavam com ele há muito tempo?
E pensando assim, Sebastião foi em busca de sua solução maior.
Tudo que ele mais queria era uma mulher direita, casar e ter filhos com ela.
Casou-se com Roberta. A festa, os convidados. Foi feliz com ela durante alguns tempos. Mas, a receita da felicidade era uma grande farsa na qual ele havia se metido.
E ela perguntava o porquê dele pensar essas coisas malucas.
Até que um dia Roberta apareceu na casa dele com uma notícia.
“Estou grávida”, ela dizia.
Ele estava sendo ajudado pelas contradições.
Abriu um sorriso confuso e a abraçou.
Foi feliz naquela hora.
Levou-a até o hospital e na hora da hora, o bebê chorou e ele disse:
- Vai meu filho! Você consegue. E passe adiante!
A herança
sábado, 22 de março de 2008
Postado por Mota às 17:17
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